BEATRIZ GALHARDO
COLETIVO ASSALTA!

2017-2018
O Coletivo Assalta teve início em Março de 2017 dentro da UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), com o intuito de mobilizar espaços para discussões de assuntos relacionados à negridade. Criou-se um grupo de estudos onde o foco principal era articular debates em torno de obras de intelectuais negres, desestabilizando o eixo colonial de ensino acadêmico. Composto por discentes dos diferentes cursos oferecidos pelo Departamento do Teatro e tendo uma integrante do Depto. de Letras, o coletivo foi formado por: Beatriz Galhardo, Bruna Christine, Carla Costa, Clara Anastácia, Fernando Porto, Ingrid Constantino, Lyz Parayzo, Marjory Leonardo e Pedro Bento.

Foi um dos primeiros coletivos negros do Centro de Letras e Artes da UNIRIO, totalmente dedicado às questões de raça e colonialidade presentes nos fazeres artísticos contemporâneos. Talvez por isso tenha conseguido produzir tantas coisas em tão pouco tempo, articulando uma potente rede de artistas e contribuindo para a construção de outros coletivos na universidade. O coletivo encerrou suas atividades em Novembro de 2018.

Trechos citados de Natasha Pasquini, disponíveis em: "Poéticas de sobrevivência e narrativas de incômodo: ferramentas para discursos contra hegemônicos".
"São corpos-pretos, corpos-mulheres, corpos-bixas, corpos-trans, definitivamente são corpos visíveis, naquilo que a branquitude mais rejeita: O Outro, a Alteridade. Se não é capaz de enxergar o outro, essa branquitude também não é capaz de ouvir e entender as problemáticas trazidas por essas vozes, propositalmente, invisibilizadas. Foi num momento em que ‘claras’ certezas sobre a inexistência de racismo dentro da Escola de Teatro da UNIRIO ecoavam pelos corredores, que o Coletivo Assalta invadiu este espaço com um evento pirata chamado “corpo suspeito”, onde aconteceram performances de negres, mesa de conversas com convidades negres e uma roda de samba, no jardim do CLA para reafirmar que todos os espaços também são nossos"

Natasha Pasquini
"O segundo evento do coletivo Assalta dentro da UNIRIO surgiu a partir do convite do Festival Integrado de Teatro da UNIRIO (FITU) e chamava-se “Perspectivas Negras”, o coletivo
propôs uma mesa com Carmem Luz, Dandara Vital e Luciene Ramos mediada por Marjory Leonardo e Beatriz Galhardo. Estive presente nesse evento que até hoje reverbera em mim; eram três convidadas negras, artistas e pesquisadoras que trazem em suas práticas artístico-políticas o
corpo afrodescendente, o corpo da diáspora sem necessariamente se enquadrar numa “arte-militante”, são mulheres negras que trazem em sua produção artística a “alegria” enquanto
estratégia de ativismo, propondo que nós, artistas negres, encontremos outras possibilidades de lidar com o fazer artístico, rompendo com os lugares de “revolta” que tentam nos encaixar,resignificando os estereótipos, tornando visível aquilo que é ancestral."

Natasha Pasquini
[...] “aah ... então ocupe aqui!”, nesse lugar que o sistema já reservou pra você! É o que a Clara fala “Porque no meu show tem que ter tambor? Não! No meu show vai ter bateria e guitarra”.

[este trecho da entrevista] me remete a Cornel West (1999), que afirma em ‘O Dilema do intelectual negro’ que a tarefa central dos intelectuais negros pós-modernos é estimular, acelerar e possibilitar percepções e práticas alternativas desalojando discursos e poderes predominantes. Assim, na impossibilidade de um diálogo realmente horizontal com a academia branca, que insiste em colocar a arte negra e seus atores dentro de uma caixa de estereótipos, percebo que o Coletivo
Assalta se utiliza desse espaço para “criação ou reativação de redes institucionais que promovam debates críticos de alta qualidade, basicamente com o objetivo da insurgência negra” (WEST, 1999, p. 4) para além da bolha universitária [...]"

Natasha Pasquini
Evento|ação estético-política pirata "Corpo Suspeito"
Coletivo Assalta entrevista Juçara Marçal
Conversa "Perspectivas Negras: contribuições ao feminismo na arte"
Conversa "A produção da arte negra na música contemporânea" com Serginho Machado, Negro Leo, Felipe Neiva e Clara Anastácia